O ministro dos Negócios Estrangeiros português admitiu hoje que Portugal pode “acrescentar valor à posição europeia” de criar “pressão mas também incentivo” para um compromisso entre o Governo e a oposição na Venezuela.

 

VenezuelaPtCompromissoPolítico

 

Augusto Santos Silva respondia no parlamento a uma pergunta da deputada socialista Margarida Marques, que foi até julho secretária de Estado dos Assuntos Europeus, sobre se Portugal estaria disponível para servir como mediador entre as partes, hipótese que o governante rejeitou.

“Também entendemos que podemos assumir um papel de mediação. Temos dito sempre que prezamos muito, mas mesmo muito, a progressiva construção de uma política externa dos 27. Não fazemos nada fora desse quadro”, comentou o chefe da diplomacia portuguesa, intervindo no debate na especialidade do Orçamento do Estado de 2018, numa audição conjunta das comissões parlamentares de Assuntos Europeus e do Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa.

“Portugal tem uma posição sensível no que diz respeito à Venezuela, porque tem uma comunidade enorme e também uma posição sensível no sentido positivo porque Portugal pode vir, via União Europeia, a ter um papel importante como mediador entre o Governo e a oposição na Venezuela”, considerou a deputada do PS.

Margarida Marques perguntou a Santos Silva se “o Governo está disposto e interessado e vai empenhar-se no sentido de poder usar esta situação privilegiada de diálogo entre o Governo e a oposição”.

O ministro concordou que, “pela sensibilidade” que Portugal tem nesta matéria -- há cerca de 500 mil portugueses e lusodescendentes na Venezuela -, pode, “dentro do quadro europeu, acrescentar valor à posição europeia”.

Uma posição que, sublinhou, “há de ser de pressão mas também de incentivo para as partes chegarem a compromisso”.

O chefe da diplomacia portuguesa voltou a recordar as condições necessárias “para um diálogo político sério”: a libertação dos opositores políticos presos, o regresso a um calendário eleitoral aceite por todas as partes, respeito pelas competências próprias da Assembleia Nacional e abertura para ajuda humanitária internacional.

In «Diário de Notícias da Madeira»