Quinze emigrantes que não visitavam Portugal há pelo menos 20 anos fizeram uma viagem de norte a sul do país. Vêm do Brasil, da Argentina e da Venezuela para reviver memórias.

 

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Maria Helena dos Santos saiu de Portugal aos três anos de idade. Chegou ao Brasil ao colo da mãe e nunca mais regressou, já lá vão mais de 60 anos.
Nesta visita ao país de origem traz recordações de infância contadas pelos outros. "A minha mãe é do Funchal. Ela gostava muito de pegar figos. Era isso que ela me contava. Passava as noites bordando. Ela perdeu o pai muito cedo, ficou com a mãe e outros três irmãos. Tinham de trabalhar para se manter".

Maria Helena dos Santos não conseguiu visitar a Madeira mas viu "o sítio onde pegou o navio" para o Brasil e outros locais que ajudam a construir o puzzle da infância em Portugal.

Américo Morgado de Baixo emigrou para a Argentina também aos três anos. Há 67 anos que não tocava em solo português. Regressar a casa é um sonho realizado e marcado por muitas surpresas.

"Vi isto tão grande. Não pensei que era assim. Porque os meus pais diziam que isto era tão pobre. Passavam fome onde eles estavam", diz.

Américo é natural de Esposende, Braga. Passou por lá na visita organizada pela Fundação Inatel, pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e pela TAP.

O projeto traz ao país cidadãos com mais de 65 anos que estejam fora da Europa e que não tenham tido possibilidades de visitar Portugal nos últimos 20 anos.

Vêm rever ou mesmo até conhecer o país de origem e relembrar sabores que só provam em dias de festa. "Não ia sair daqui sem comer bacalhau", garantiu Américo Morgado de Baixo.

Maria Helena tem muito para contar quando regressar ao Brasil e quem sabe até começar a pensar na possibilidade de se mudar para Portugal definitivamente. "Estão todos querendo fazer dupla cidadania para vir para cá. A minha filha está fazendo dupla cidadania. Ela falou que, ao se aposentando, ela quer vir para cá. E se ela vier, eu venho atrás", garantiu.

É que por mais que goste do Brasil, Portugal fica sempre no coração. "Sempre me senti portuguesa, nunca me deixei de me sentir portuguesa".

In «TSF»