Num mundo cada vez mais globalizado, competitivo, inovador e exigente, o II Encontro de Investidores da Diáspora, promovido pelo Secretário de Estado das Comunidades e que se vai realizar no mês de dezembro em Viana do Castelo,

 

LuisaLowe

vem reforçar e afirmar uma visão mais integrada do valor que os investidores representam e a sua importância estratégica na modernização e desenvolvimento do tecido empresarial português. A PORT.COM, media partner oficial do evento para a Diáspora, entrevistou Luísa Pais Lowe, coordenadora do GAID (Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora) a quem, juntamente com a Câmara Municipal de Viana do Castelo, cabe a tarefa da realização deste evento.

Face ao desempenho e interesse nacional de que se reveste a atuação do GAID na captação de investimentos da Diáspora e no desenvolvimento do tecido económico das regiões e sua internacionalização, tem esse Gabinete visto reforçadas as suas valências?

Existe uma perceção clara da importância estratégica, da expressão económica e do potencial do empreendedorismo com origem ou destino nas Comunidades Portuguesas. Graças ao forte empenho e à ação determinada do Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, Dr. José Luís Carneiro, o Gabinete de Apoio ao Investidor da Diáspora, GAID, tem reforçado e diversificado progressivamente as suas áreas de atuação e os seus instrumentos de trabalho. Desde logo na prossecução do objetivo central de criar um contexto favorável e motivante para o investimento originário da diáspora, posicionando-se como polo aglutinador de agentes empresariais e entidades públicas e privadas, nas mais variadas áreas de atividade económica e nos planos nacional, regional e internacional, e como facilitador da divulgação de informação direcionada às iniciativas dos empresários da diáspora, quer da criação de redes de contactos, muito importantes num mundo que trabalha e comunica a uma escala e velocidade globais. Neste âmbito, o GAID gere uma base de dados em constante atualização, que abrange atualmente milhares de micro e pequenas empresas criadas ou detidas por portugueses residentes no exterior, ou que se encontram com sede em Portugal mas em processo de internacionalização, Câmaras de Comércio e outras entidades ligadas ao associativismo empresarial. Atua também em rede com pontos focais interministeriais com competências em setores fulcrais na concretização dos projetos empresariais da Diáspora (turismo, fiscalidade, modernização administrativa, candidaturas a fundos comunitários, internacionalização, ciência e tecnologia, entre outros).

Também constitui valência essencial do GAID a sua dimensão de apoio e encaminhamento de projetos de internacionalização de micro e pequenas empresas de base regional, em estreita coordenação com o Gabinete do Senhor Secretário de Estado da Internacionalização e a AICEP.

Tem sido ainda muito valiosa a articulação com a nossa rede diplomática e consular, cujo contributo é inestimável, porque se encontra “no terreno” a vivenciar, a sentir de perto e a transmitir-nos a dinâmica empresarial da Diáspora, as suas aspirações e as suas preocupações.

De sublinhar igualmente o reforço das valências do GAID através dos Protocolos de Cooperação de 2ª geração assinados entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros/Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas e os Municípios onde já funcionavam Gabinetes de Apoio ao Emigrante ou que criaram tal estrutura.

Tendo assumido o cargo de Coordenadora do GAID em setembro, quais são as suas prioridades de trabalho?

Assumi funções em setembro, após mais de oito anos em postos diplomáticos nos Estados Unidos e na Alemanha, dois países onde a Comunidade Portuguesa é muito expressiva, embora com características e dinâmicas naturalmente diferentes. Esta experiência adquirida no “terreno” será útil, espero, nas novas e desafiantes funções que doravante tenho a honra de desempenhar junto do Senhor Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, com cujos objetivos e prioridades de trabalho para o GAID me identifico inteiramente e cuja ação e dinamismo neste e em múltiplos outros domínios muito me inspiram. O enfoque da minha atividade será, por conseguinte, prosseguir, aprofundar e consolidar o trabalho que tem vindo a ser feito.

O GAID acompanha um significativo conjunto de projetos de investimento com origem na Diáspora, com expressão e dimensão assinalável. Quais os setores de atividade empresarial nacional com maior volume de investimento e negócios em curso, e/ou que terão mais interesse em beneficiar do investimento, ou parcerias, por parte dos empresários da Diáspora?

O GAID tem vindo a acompanhar numerosos projetos de investimento originários da Diáspora, por todo o país, sobressaindo os setores ligados aos serviços, turismo, logística, energias renováveis, inovação e novas tecnologias, entre outros. Noto que os projetos de investimento em curso correspondem a um potencial bruto de negócios de expressão notável.

O trabalho de rede necessário para vincar os laços de proximidade e ligação da Diáspora às suas origens passa muito pela ação dos GAE (Gabinete de Apoio ao Emigrante) que existem atualmente em 129 municípios e freguesias. Quais as suas valências e como têm desempenhado as suas funções na vertente económica do investimento para a internacionalização e valorização da promoção do desenvolvimento regional?

É muito importante a celebração dos aludidos Protocolos de Cooperação de 2ª geração entre o Ministério dos Negócios Estrangeiros/Direção Geral dos Assuntos Consulares e Comunidades Portuguesas e os Municípios onde já funcionavam Gabinetes de Apoio ao Emigrante ou que decidiram criá-los. São úteis e inovadores porque incorporam uma forte dimensão económica de apoio ao investimento e à internacionalização e de promoção do desenvolvimento regional e da oferta turística.

Por via destes Protocolos, os renovados Gabinetes de Apoio ao Emigrante têm estreitado a sua cooperação com o GAID, na perspetiva da ligação da Diáspora e do seu empreendedorismo às origens e, simultaneamente, acentuando a natureza e o perfil regional quer do destino dos potenciais fluxos de investimento, quer da origem das iniciativas de internacionalização do micro e pequeno empresário. Mas, há um grande trabalho a desenvolver. Os poderes locais têm nestes Gabinetes um potente instrumento, caso o queiram aproveitar.

Com a divulgação dos resultados e casos de sucesso associados ao I Encontro de Investidores da Diáspora, realizado em dezembro de 2016 em Sintra, que resultados prevê para este II Encontro, em Viana do Castelo, e como antevê a qualidade e número de presenças de empresários e investidores da Diáspora e Câmaras de Comércio na sua apetência para o investimento em Portugal, como estratégia positiva para os seus negócios?

O IIº Encontro de Investidores da Diáspora, que se realizará em Viana do Castelo, em 15 e 16 de dezembro, é uma iniciativa conjunta da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas/Gabinete de Apoio aos Investidores da Diáspora (GAID) e da Câmara Municipal de Viana do Castelo. O êxito, os resultados concretos e o retorno positivo do Iº Encontro em Sintra, em 2016, justificam e motivam plenamente a prossecução desta iniciativa em 2017. Em cooperação com as relevantes entidades e agentes públicos e privados, pretende-se continuar a apostar na dinamização do tecido empresarial da diáspora portuguesa e no reforço de uma rede que identifique e congregue os seus representantes, ao mesmo tempo que se lhes providencia a informação e o apoio necessários à procura de oportunidades de investimento e inovação e à indispensável ligação ao nosso país, em benefício de todas as partes.

O IIº Encontro proporcionará ainda uma excelente oportunidade para promover e reforçar o conhecimento mútuo, partilhar experiências e práticas, aprofundar o "networking" e conhecer novos mecanismos institucionais de apoio ao investimento em Portugal.

Quanto à participação, todos os interessados – agentes económicos, empresariais ou outros, no exterior ou no País – podem inscrever-se no evento, sem encargos financeiros de inscrição, com opção de participação como orador num painel temático, se o desejarem, ou com uma presença ativa nas reuniões e debates. Prevemos um bom nível de participação, em qualidade e em número, de múltiplos países, áreas de atividade económica e patamares institucionais: empresários e investidores, representantes de Municípios, Câmaras de Comércio, Universidades, comunicação social, assim como entidades responsáveis, no plano nacional, pela gestão das matérias prioritárias para os interessados em investir em Portugal ou em procurar novos destinos de negócio.

Haverá novos participantes, cujo contributo aguardamos com expetativa e empenho em apoiar; regressarão também muitos participantes do Iº Encontro de Sintra, o que vemos com agrado e que se consubstanciará numa partilha das práticas e experiências vivenciadas, no que aos seus projetos e empreendimentos diz respeito, durante o ano que passou entre os dois encontros. Ou seja, trabalharemos numa dupla perspetiva de avaliação do trabalho feito e identificação de casos de sucesso ou de eixos de melhoria, e também de boa e útil informação e aconselhamento.

Que mais valias é que os participantes podem acolher da viagem a Portugal para participarem neste evento?

O nosso intuito, como em Sintra, é ir ao encontro das preocupações, questões e interesses concretos dos participantes, facultando-lhes o acesso a conhecimentos e informação em áreas-chave para os seus negócios, facilitando-lhes o estabelecimento de redes de contacto com instituições e entidades importantes para as suas atividades económicas, proporcionando-lhes possíveis oportunidades de negócios ou parcerias e oferecendo-lhes uma plataforma de diálogo, partilha de experiências e boas práticas.

Estes Encontros são também importantes para desenvolver um sentimento identitário nos empreendedores da diáspora portuguesa, não apenas na ligação afetiva ao país de origem mas também na identificação de afinidades, diferenças e complementaridades e na consciência do valor do mercado que representam e da sua importância estratégica num contexto global com níveis de competitividade e exigência que é, hoje em dia, imperativo acompanhar.

Por que razão o evento de 2017 tem lugar em Viana do Castelo?

A a riqueza e diversidade do nosso país, a multiplicidade de origens da nossa Diáspora e a prontidão e disponibilidade dos nossos interlocutores nos mais variados municípios, de Norte a Sul e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira, não facilitaram a identificação de um local para acolher este evento. Sintra foi uma escolha excelente para o lançamento da iniciativa em 2016. Em 2017, a cidade de Viana do Castelo perfilou-se como parceiro natural para a continuação deste processo. Pela densidade, vitalidade e sofisticação do seu tecido económico e empresarial, por ser cidade e região de origem de tantos Portugueses espalhados pelo mundo, por oferecer uma importante componente de cooperação inter-regional e transfronteiriça, a que pretendemos dar destaque neste Encontro, só para referir alguns fatores. Foi com muito gosto, assim, que correspondemos positivamente ao amável convite do Senhor Presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, que muito bem espelhou a proverbial hospitalidade das gentes do Minho.

O plano de atividades do Encontro foi, seguramente, preparado para abranger múltiplas disciplinas em todos os setores da economia empresarial e de forma a que o empreendedorismo da matriz portuguesa no estrangeiro possa investir na internacionalização de empresas de base regional. Quer destacar alguns pontos-chave deste evento?

Procurou-se elaborar um programa abrangente, incluindo as áreas de atividade mais importantes para os empresários e investidores que residem fora do país e tendo também em conta especificidades regionais. Muniu-se o programa com valências informativas reforçadas, nomeadamente com a presença de representantes de instituições e instrumentos de apoio ao investimento ou ligados às áreas funcionais que lhe estão mais diretamente associadas. Haverá painéis dedicados a temas úteis e apelativos, lançados por entidades políticas e com a participação de oradores que apresentarão informação e experiências, úteis e importantes, nessas áreas temáticas, a que se seguirá a abertura do debate à audiência, para esclarecimento de dúvidas e recolha de sugestões. Vale também a pena assinalar que, no âmbito da parceria existente com a Fundação AEP (Associação Empresarial de Portugal), vai decorrer no decurso do Encontro a cerimónia de entrega do prémio “Elevar o seu negócio 4.0”, no contexto do programa com o mesmo nome, destinado a reconhecer agentes económicos e empresariais residentes no exterior que identificaram oportunidades de negócio nos países de destino e/ou criaram empresas de sucesso nas áreas de alta/média tecnologia ou com elevado grau de inovação agregada.

Como referi, será também valorizada a vertente dos contactos e do estabelecimento de redes (“networking”), com um espaço de convívio informal nas áreas contíguas ao auditório, onde se prevê a instalação de “mini-stands” informativos, e eventos à margem do Encontro.

A verdade é que, muito embora nos apoiemos cada vez mais na tecnologia, nada substitui o convívio direto e o contacto pessoal, a palavra especial, o abraço fraterno ou um simples sorriso. A componente humana e interpessoal é, frequentemente, o elemento que desbloqueia impasses, trilha caminhos e potencia a ação. Este Encontro pretende, acima de tudo, ser uma homenagem do Estado Português aos empreendedores portugueses na Diáspora, aos seus êxitos esforçados e às suas histórias e experiências de vida, das quais todos temos muito a aprender. Em suma: havemos de ir a Viana e voltar mais informados, mais apoiados, mais conectados e mais motivados para continuar o nosso trabalho conjunto.

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