O ensino complementar de português em Esch-sur-Alzette, Luxemburgo, solução que resulta de um acordo entre Portugal e o grão-ducado, contará no próximo ano letivo com mais alunos do que os do ano passado, disse hoje o coordenador.
"Temos um número de inscritos superior ao que tínhamos no ensino integrado, com perspetivas de vir a aumentar", afirmou aos jornalistas o coordenador do ensino do português no Luxemburgo, Joaquim Prazeres, que participa hoje, em Lisboa, no segundo encontro de professores do ensino português no estrangeiro, dedicado ao tema "Aprender e ensinar português em contexto multilingue".
Para já, estão inscritos 540 alunos para o próximo ano letivo, que arranca a 15 de setembro, quando no ano passado eram cerca de 530.
Joaquim Prazeres espera que, até lá, o número de inscrições ainda suba.
Trata-se de "um projeto novo" e por isso ainda "há reticências de alguns pais", considerou o responsável, que estimou que mais de 300 encarregados de educação ainda não responderam.
Para Joaquim Prazeres, esta é "uma ótima solução", que permite manter o ensino de português "dentro das escolas", no interior do sistema de educação luxemburguês, sem pagamento de propina e com a avaliação dos alunos "lançada no boletim de notas".
"O que interessa é o sucesso escolar dos alunos e manter a língua viva naquela região, onde há escolas com 60% de alunos portugueses", sustentou.
O memorando de entendimento assinado entre Portugal e o Luxemburgo em abril permitiu ultrapassar um diferendo entre os dois países, depois de a comuna de Esch-sur-Alzette ter decidido encerrar o curso integrado de português, afetando 500 crianças.
No resto do país, mantém-se o ensino integrado nas localidades onde já existia e também o ensino paralelo, com pagamento de propina, noutros sítios.
No total, 26 professores ensinam língua portuguesa no Luxemburgo a 2.804 estudantes, mas o coordenador do ensino garante que a perspetiva é "criar uma dinâmica positiva e vir a aumentar o número de alunos".
Em maio passado, um conselheiro das Comunidades no Grão-Ducado e vários dirigentes associativos consideraram que o acordo representa "um retrocesso".
"Muitos vão ter de escolher entre ir para o desporto ou para o português, ou entre qualquer outra atividade de ocupação dos miúdos e o ensino da língua", apontou o representante do Luxemburgo eleito para o Conselho das Comunidades, um órgão de consulta do Governo português em matéria de emigração.