Oprimido pela insegurança que o levou a considerar o regresso a Portugal, o comerciante madeirense José Camacho trocou, há 14 anos, Caracas por Puerto Ordáz (sudeste da Venezuela), onde se sente tranquilo e que só deixará numa situação extrema.
Oprimido pela insegurança que o levou a considerar o regresso a Portugal, o comerciante madeirense José Camacho trocou, há 14 anos, Caracas por Puerto Ordáz (sudeste da Venezuela), onde se sente tranquilo e que só deixará numa situação extrema.
"Em Caracas fui concessionário, durante vários anos, do Clube Sport Marítimo da Venezuela e houve um momento em que a insegurança fez-me vir para Puerto Ordáz. Pensava ir embora (para Portugal) mas uns amigos em Puerto Ordáz aconselharam-me que ficasse. Foi uma boa aposta, aqui estou há 14 anos e sou feliz com a minha família", disse à Agência Lusa.
José Camacho, de 65 anos, é natural de Santo António, Funchal, ilha da Madeira e atualmente é concessionário de um restaurante no Centro Português Venezuelano de Cidade Guayana, que administra com a ajuda dos filhos. Casado, tem dois filhos e três netos, um deles atualmente a residir em Londres, Inglaterra.
"Insegurança há em todos os lados, mas aqui não há tanta insegurança como em Caracas", sublinhou, acrescentando que trabalha diariamente das 09:00 até às 18:00 ou 19:00 horas.
"Tampouco ando fora de casa, fora do (lugar) de trabalho, a menos que tenha que ir ao banco", salientou.
José Camacho explicou que em Puerto Ordáz "não há tanta dificuldade" para conseguir alimentos como no resto da Venezuela, por estar a menos de 800 quilómetros da fronteira com o Brasil.
"A situação aqui não é igual porque temos a vantagem de termos o Brasil aqui mesmo, na fronteira, e estamos trazendo comida do Brasil. Não há tanta dificuldade. Pagamos mais caro mas temos. Essa é a vantagem", frisou.
Quanto a Portugal, diz que sempre que pode marca viagem para visitar a Madeira, que considera ter mudado muito desde que há 40 anos emigrou para a Venezuela.
"O Café Apolo, o Funchal, o Centro Comercial da Sé, onde trabalhei muitos anos como criado de mesa. Sinto saudades disso, é um bichinho que está sempre mordendo (dizendo), vamos (lá) embora), mas nem eu nem a minha família pensamos regressar a Portugal, a menos que isto fique feio e tenhamos que regressar obrigatoriamente. De outra forma não vou", disse.
Este comerciante madeirense considera importante que os jovens lusodescendentes, "estudem muito, porque hoje em dia que não tem estudos não é nada na vida" e que falem português sempre que possível.
A Venezuela entra hoje em campanha eleitoral para eleger no próximo dia 30 os 545 membros da Assembleia Constituinte promovida pelo Presidente venezuelano Nicolás Maduro.
A convocatória para a eleição de uma Assembleia Constituinte, feita no passado dia 01 de maio pelo Presidente Nicolás Maduro, intensificou as manifestações da oposição que desde abril último se registam no país depois de o Supremo Tribunal de Justiça divulgar duas sentenças que limitavam a imunidade parlamentar e em que aquele organismo assumia as funções do parlamento.
Pelo menos 91 pessoas morreram em consequência dos protestos.