A vitória da selecção obtida em Paris, no Campeonato da Europa, foi festejada pelos portugueses, um pouco por todo o mundo, mas a comunidade portuguesa em França sentiu-a de uma forma muito especial.
Hermano Sanches Ruivo, um português que é vereador na Câmara da capital francesa, reconhece que este último ano foi vivido de uma forma mais intensa pelos portugueses e seus descendentes que vivem em França.
"[2016 foi] um ano em que foi fácil relembrar boas notícias e imagens. É engraçado como isso transpareceu e sobretudo fez a ligação entre as várias gerações. É como se os avós estivessem à espera disso há 60 anos, os pais sempre ouviram falar do terceiro lugar da selecção na Inglaterra, em '66, e agora os netos estão a viver isso", explica, em entrevista a Bola Branca.
Hermano lembra que Portugal ainda tem muito por festejar: "Há, de facto, essa ideia de que 2016 foi um ano forte. Ainda estamos em 2017 e ainda temos mais três anos para festejar o facto de sermos campeões da Europa." Num ano em que "aconteceram muitas coisas", o vereador parisiense considera que "há um plano de fundo que só pertence aos campeões da Europa".
Para Hermano, os portugueses precisavam de algo especial para relançar a sua permanência em França. "Precisávamos disso. A bola tem essa capacidade de atrair e também de radicalizar um bocadinho, mas houve um número incalculável de bandeiras portuguesas por toda a França", considera.
"Porque era um acto muito concreto, essa ideia do festejo na rua, os franceses descobriram ou redescobriram que eram milhares ou centenas de milhares os portugueses a viverem em França e não apenas aqueles que tinham vindo de Portugal para assistir aos jogos", lembra o português.
Hermano acredita que a vitória ajudou a melhorar "a imagem de Portugal, com a situação política e económica" que se vive, num trabalho de várias facetas: Portugal turístico, futebolístico, musical.
O português explica: "É um sucesso conjunto, até agora a própria vitória na Eurovisão. Há um sentimento de que a ligação à parte portuguesa é mais forte, mais lógica, menos complicada e conflituosa, menos sobre aquela noção, 'mas para quê?'."
Um ano depois, ainda existem muitos franceses que não aceitaram a derrota com Portugal na final do Euro 2016. "Alguns franceses ainda não aceitaram completamente, ou pelo menos ficaram muito tristes, com essa dupla derrota, de uma certa forma", conta. "Era mais fácil terem perdido com equipas que eles têm o hábito de considerar como sendo as rivais e não estavam à espera de perder com Portugal."