No sábado, 1 de Julho, celebrou-se na Casa da Madeira (CDM) de Joanesburgo, o Dia da Região Autónoma. O evento contou com 170 pessoas e a presença do secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques.

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No sábado, 1 de Julho, celebrou-se na Casa da Madeira (CDM) de Joanesburgo, o Dia da Região Autónoma. O evento contou com 170 pessoas e a presença do secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus, Sérgio Marques. O mestre-de-cerimónias na noite, José Luís da Silva, pediu a que todos tomassem os seus lugares. Damião de Freitas cantou os hinos da África do Sul, de Portugal e da Região Autónoma da Madeira. Um problema com o sistema de som do artista obrigou a que, a meio do hino sul-africano, parasse e tivesse que retomá-lo desde o início. O mestre-de-cerimónias deu as boas-vindas a todos os quando os velhos sorriem e já lhes vão faltando os dentes. Não foi por falta da CDM nem da organização. Mas, estiveram poucos e bons, por isso, a todos, o meu e o nosso muito e muito obrigado. À Guida, quero dizer obrigado e louvar o trabalho que tem feito pela CDM, parabéns!” Pediu depois para a presidente uma salva de palmas e ao seu executivo. Ao palco e à pista de dança entraram depois os músicos zulus, que mostraram canções e instrumentos tradicionais e artesanais, utilizados na sua maioria por pastores quando apascentam o gado e para se entreterem. Vários membros da assembleia, juntaram-se aos artistas zulus, prova da perfeita integração e da parte integrante dos portugueses na história e na sociedade da África do Sul. Após o número musical, o MC pediu que o deputado parlamentar Manny de Freitas dirigisse algumas palavras aos presentes. O deputado, num correcto Português afirmou “muito obrigado senhoras e senhores. É para mim um grande orgulho e um enorme prazer em estar aqui hoje, a celebrar o Dia da Madeira. Esta CDM é muito importante e para mim é uma segunda casa. Dancei aqui no rancho e fiz parte activa da CDM. É importante falarmos Português, aprendermos a língua e estarmos aqui na nossa cultura. Parabéns pelo trabalho e vamos continuar.” O buffet das sobremesas foi aberto. Após as sobremesas, foi a vez do cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Francisco-Xavier de Meireles intervir. “Estamos aqui hoje, a celebrar o Dia da Madeira, que é um arquipélago, portanto um abraço aos porto-santenses.” “Como representante do Estado de Portugal, tenho que estar aqui hoje, com o máximo de orgulho e feliz, sendo eu português, sou também madeirense hoje. Porque, a Madeira faz parte integrante de Portugal e portanto, à semelhança do Dia de Portugal, todos celebramos, hoje também todos os portugueses celebramos o Dia da Região Autónoma.” “Não posso deixar ficar o meu aplauso pela juventude aqui hoje, que no rancho, na dan-ça, no canto, abrilhantaram a noite e deram uma vida especial ao serão.” “Um aplauso à Guida, pelos artistas indígenas, que celebram a África do Sul, o país que nos acolheu, o país onde muitas já nasceram e do qual fazem tanto parte como de Portugal”. “Quero referir que não existe a África do Sul de hoje, sem todo o seu passado que começa precisamente com a chegada dos portugueses a Cape Town. Tornamo-lo de Cabo das Tormentas em Cabo da Boa Esperança, fruto do nosso sangue, suor e lágrimas. A nossa presença e influência neste país vem desde 1488 e não é só dos anos 60 e depois da descolonização portuguesa. Parabéns à Guida e ao seu executivo, a festa está muito bonita e muito boa”, concluiu o diplomata. O secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Europeus da Região Autónoma da Madeira falou em seguida. “Muito boa noite a todos. É uma alegria imensa estar aqui entre vós tão longe presentes e fez um pequeno apontamento histórico sobre a região, a sua autonomia e particularidades da Madeira. O primeiro prato, o da sopa, foi então servido. Tratou-se de uma canja, que na noite fria de Inverno ajudou a aquecer ainda mais o salão de festas da CDM. Após o primeiro prato, a vencedora do último concurso Miss Casa da Madeira, Carina Fernandes, tomou a pista de dança com os alunos do seu estúdio. De referir, que o artista Damião de Freitas, intercalou os pratos da refeição e os vários momentos da noite, com as suas interpretações de vários temas musicais. Questionada sobre o que faz e o porquê da dança, Carina Fernandes informou que de formação e profissão é quiroprática e que a dança sempre foi uma paixão e um passatempo. Há dois anos abriu o estúdio de dança e afirmou estar muito orgulhosa dos seus alunos e dos números que levam a cabo. Um número de dança ao som de uma remistura do “bailinho da Madeira” e de vários temas de música urbana contemporânea. Os bailarinos estiveram em perfeita sincronia e o número cativou o salão de tal forma, que todos estavam absortos na actuação. Muitas das pessoas de pé e em torno da pista de dança a apreciar a actuação. No fim, cansada e ainda a recuperar o fôlego da dança e à pergunta de José Luís da Silva do que tinha pensado do número, Carina mostrou-se felicíssima e orgulhosa dos seus bailarinos, cuja mais jovem tem quatro anos de idade e o mais velho já em idade adolescente. Uma bebé, trajada a rigor com a vestimenta folclórica da Madeira, entregou a Carina Fernandes um ramo de flores e os bailarinos mereceram uma forte e longa ovação. Foi ainda inquirida, Fernandes, se estaria disposta a ajudar e o que pensaria em trazer de volta à CDM o concurso de beleza das “misses” daquela colectividade. A jovem lusa mostrou-se disposta a ajudar dentro das suas capacidades e afirmou ser uma ideia brilhante, pois declarou que sem aquele concurso, talvez nunca tivesse ido à Madeira. A presidente da CDM, Guida de Freitas, dedicou o momento de dança à pessoa do secretário regional Sérgio Marques. O mestre-de-cerimónias da noite chamou depois ao palco os conselheiros da diáspora madeirense, Egídio Cardoso e o comendador José Nascimento. O primeiro, inquirido sobre a importância de ser conselheiro, na Cidade do Cabo, afirmou estar feliz por ocupar o cargo e prometeu fazer tudo dentro dos possíveis para ajudar e servir a comunidade madeirense radicada naquela zona do país. O comendador Nascimento informou, antes de intervir, que José Luís da Silva também é um dos conselheiros presentes na África do Sul. “Quero dar as boas-vindas ao Dr. Sérgio Marques. A constante e regular presença de líderes do Governo Regional madeirense no Dia da Região, na África do Sul, é algo que louvamos e agradecemos muito. A vossa presença, vem renovar a nossa portugalidade e sentimo-nos mais portugueses e mais próximos do nosso país depois das vossas visitas. A grande importância do Dia da Região é a continuidade que é presenciada pelas segundas e terceiras gerações, que são também portuguesas mas que é importante terem um contacto com Portugal, com a Madeira. Estas novas gerações têm muito orgulho de serem portuguesas, devido ao José Mourinho, ao Cristiano Ronaldo, à Nelly Furtado, que contribuíram muito para esse orgulho. Mas, não é só devido a eles. Em conversa com os jovens, apercebo-me que quando vão a Portugal, apaixonam-se pelo país, pelas regiões e por toda a cultura e tudo de bom que há em Portugal, trazem com eles, portanto, esse orgulho. E obviamente a Madeira sendo parte de Portugal, é algo que faz orgulho ainda maior”, declarou o comendador e desejou a todos uma boa noite. Foi assinalada pelo MC a presença de Isabel Policarpo, presidente do executivo da Sociedade Portuguesa de Beneficência, de José Contente presidente da Academia-Mãe do Bacalhau e de José Luís Rodrigues, membro do Board of Trustees da Lar Santa Isabel. O MC falou igualmente em Eulália Salgado, advogada portuguesa e em Agostinho de Andrade, responsável por fundar a Rádio Cidade, antiga rádio comunitária portuguesa. O jantar foi servido com abertura do buffet. Segundo informou ao nosso jornal uma das responsáveis da cozinha, os pratos servidos constavam de carne de vinho d’alhos, caldeirada de atum, bacalhau à Brás, batatas assadas, batatas cozidas em vinha d’alhos, arroz, frango assado na brasa e salada verde. De referir, a alta qualidade dos pratos apresentados, em particular do bacalhau, muito bem desfiado e com bastante bacalhau. A carne de vinha-d’alhos, um dos pratos típicos da Região Autónoma da Madeira, bem marinada e muito bem confeccionada. Todos, sem excepção, teceram vários elogios ao repasto apresentado na CDM, que raramente falha na qualidade e apresentação das refeições. Findo a refeição, foi a vez do artista luso-sul-africano, que já editou o seu trabalho discográfico e que passa nas rádios nacionais sul-africanas, Marco G cantar. O músico encantou todos os presentes, em particular o público feminino, que preencheram logo a pista de dança e aproximaram-se do artista. Um momento alto da noite, tal como o da dança, que deixou o público a querer mais e mais dos jovens lusos que compuseram o cartaz artístico da noite. Seguiu-se outro momento alto da noite, o da actuação do rancho folclórico da Casa Social da Madeira de Pretória. Michael Teixeira e os seus bailarinos e músicos, fizeram as delícias dos presentes com várias modas e danças tradicionais e típicas da Madeira. De tal forma, que levou a que mais tarde, o secretário regional afirmasse “é tão bom estar aqui, embora longe, mas é como estar na Madeira e vivemos intensamente a Região aqui em Joanesburgo”. O momento-chave da noite é o “bailinho da Madeira” em que várias pessoas da assistência participam no número. A mesa de honra e muitos convidados entraram na roda e fizeram parte da coreografia. Momento que antecedeu a marcha de saída, mas que valeu ao rancho uma forte e longa salva de palmas. Nos jovens bailarinos madeirenses foi evidente a paixão e entrega pela arte na forma como dançaram e estiverem emersos na actuação, prova disso é que muitos membros terminaram o número bastante suados e visivelmente cansados. Guida de Freitas, a presidente do clube, ao microfone afirmou que o seu objectivo é ressuscitar o amor e orgulho pela CDM. Atrair e trazer de novo as camadas jovens para o seio da Comunidade e desmistificar divisões e querelas antigas. Declarações que à margem da festa, repetiu ao Século de Joanesburgo, ao acrescentar “quero levar a Casa da Madeira para a frente, para outro nível melhor e crescer os números. Mostrar aos jovens as suas raízes ancestrais e familiares. Temos que ter orgulho de onde vimos. Sim, somos sul-africanos, mas vimos muitos de nós, os nossos pais e avós da Madeira e isso é muito importante. Quero passar isso cada vez mais aos jovens para depois continuarem e melhorar cada vez mais a CDM.” Logo de seguida, o MC pediu que o presidente da Assembleia-Geral da CDM, Vasco Martins falasse. “Vós sabeis que estimo muito a vossa presença”, começou por declarar aos presentes Martins. “É o dia da nossa Região que estamos a celebrar e é muito importante. Parece que fomos felizes este ano, pela pessoa enviada pelo Governo Regional a celebrar connosco este dia. É uma pessoa com muita experiência e que já ajudou muito esta comunidade madeirense. A sua presença, Dr. Sérgio Marques, é muito importante e honra-nos muito. Infelizmente esta noite foi celebrada, como e sentindo a Madeira com a mesma intensidade de lá. Gostaria de saudar o cônsul, o deputado Manny de Freitas, os conselheiros, o comendador José Gonçalves, a anfitriã Guida Freitas e o Vasco Martins. A Dra. Eulália Salgado também, que concedeu muita ajuda à minha namorada na altura e que é hoje minha esposa. Por isso, publicamente fica aqui o meu agradecimento.” “Meus queridos amigos, compatriotas, como dizia é uma grande alegria estar aqui. É uma honra partilhar esta festa convosco, tem sido muito proveitosa esta vinda aqui à África do Sul. Ontem, constatei a imensa solidariedade que aqui existe quando visitei o Lar Rainha Santa Isabel. Tive a oportunidade de ver a solidariedade que é fundamental para ajudar no funcionamento daquela instituição relevante na Comunidade. Não seria possível prestar apoio aos residentes mais carenciados, sem ela e claro, sem vós. Quero, em nome do Governo da Madeira, agradecer a solidariedade aos mais carenciados”. Sérgio Marques continuou ao afirmar que “portanto, esta solidariedade é muito importante para nós, que vimos da Madeira, porque o Estado Social aqui são todos vós. Não posso deixar de vos agradecer todo o apoio prestado à Madeira quando se deu o aluvião a 20 de Fevereiro. A Jeanette de Freitas que teve também mão de Deus a ajudá-la, sobreviveu a isso tudo. A solidariedade de todas as comunidades espalhadas pelo Mundo ajudou muito a Madeira, em nome da Região, muito obrigado. Isto é prova de que não existem várias comunidades, mas que existe uma só comunidade madeirense com sentido de solidariedade que ajuda sempre que é preciso.” O secretário regional prosseguiu ao atestar “é este espirito de coesão que caracteriza a nossa comunidade. Um só povo, seja onde for. À Venezuela que atravessa imensas dificuldades, há já ajudas prestada. Sei que as instituições sul-africanas são instituições fortes e podem confiar nelas e na tradicional democracia da África do Sul e que os actuais problemas serão facilmente ultrapassados. Comparadas com as dificuldades da Venezuela, os problemas aqui são muito pequenos. Hoje celebra-se a autonomia da Região, o seu 41º aniversário. Este palavrão, autonomia, nem sempre entendemos bem. Quando eu andava na Europa, eu simplificava o que era a União Europeia, ao dizer que é um instrumento para garantir a paz entre as nações. A autonomia, de forma simples, explica-se por dizer que é um instrumento de desenvolvimento e prosperidade. É também um instrumento para garantir a nossa coesão nacional e a integração na pátria comum, Portugal. Logo a seguir ao 25 de Abril, falou-se em independência, e logo que se consagrou a autonomia, esses movimentos acabaram. Não podia de deixar ficar esta mensagem aqui hoje, que comemoramos a nossa autonomia. Quero dar uma saudação muito especial à Guida de Freitas e ao seu comité. Tem presente, o instrumento musical folclórico típico da Madeira. Foi entregue ao secretário regional, um livro de votos de parabéns e felicitações a Cristiano Ronaldo e pedido que o fizesse chegar ao capitão da Selecção de Portugal. A propósito disso, foi anunciada a intenção da presidente da CDM em renomear o salão de festas da CDM como Salão Cristiano Ronaldo, anúncio que mereceu uma forte salva de palmas em aprovação. Foram trocadas lembranças para assinalar a passagem do secretário regional pela CDM por esta ocasião e este entregou lembranças aos conselheiros e alguns membros da CDM lembranças que trouxe da Madeira. A noite terminou com dança e convívio que durou até de madrugada tido a preocupação de ressuscitar as actividades e de atrair a juventude. Quero agradecer ao José Luís da Silva e à Maria do Céu, que têm sido uns guias fantásticos para comigo. Agradecer as palavras que o Vasco Martins e o José Luís da Silva me dirigiram ao dizer, que limito-me a fazer o meu trabalho. E agora, fundamentalmente como governante, olhar pelos conterrâneos da Madeira e por fora dela. Acho que conseguimos duma forma magistral esta tripla ligação, mantemos a ligação à terra, a ligação a Portugal e uma enorme ligação e amor à África do Sul. Quero, por fim, deixar um abraço fraterno a todos, que trago da Madeira”, concluiu assim Sérgio Marques a sua intervenção. Entregou depois à presidente da CDM um brinquinho como.

 

In O Século de Joanesburgo