O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apelou esta terça-feira aos portugueses no Luxemburgo para que inscrevam os filhos nas aulas de português e que se registem para votarem nas eleições municipais luxemburguesas de junho.

marceloemigrantesportugues

"Apelo aos portugueses para que inscrevam os seus filhos no ensino que foi recriado com um acordo entre os dois governos", disse Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas no primeiro dia da visita de Estado ao Luxemburgo.

O ensino complementar, fora do horário escolar, foi já criticado por representantes da comunidade portuguesa no Luxemburgo, por considerarem que os pais não têm condições de vida que lhes permitam levar os filhos a estas aulas, o que não acontecia quando a oferta era no ensino integrado e os alunos estavam na escola.

O Presidente apelou ainda à participação eleitoral dos portugueses, considerando que "é incompreensível que uma população como a da comunidade portuguesa aqui esteja sub-representada em termos de recenseamento e de votos nas eleições locais" luxemburguesas.

"É dispor, a comunidade, de um instrumento de afirmação política e cívica e não o utilizar e isso é uma pena, votem como votarem, mas não deixem de se interessar pela vida de uma comunidade em que têm um papel tão importante", disse o Presidente.

Segundo dados oficiais, residem no Luxemburgo cerca de 100 mil portugueses, que representam 16,4 por cento da população deste país.

Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado sobre a possibilidade de Mário Centeno vir a ser escolhido para presidir ao Eurogrupo, mas escusou-se a fazer qualquer comentário, passando diretamente para estes apelos à comunidade portuguesa.

Sobre a dupla tributação das reformas, que segundo representantes das comunidades é um entrave ao regresso de muitos emigrantes a Portugal, o Presidente referiu que essa questão, que já foi abordada pelo primeiro-ministro na visita que fez ao Luxemburgo em abril, vai ser discutida nos Diálogos com a Comunidade uma iniciativa promovida pelo Governo e em que participa na quinta-feira, já durante a visita privada.

"Há uma preocupação constante de esclarecimento, de troca de informações e de diálogo com a comunidade, por um lado, e com as autoridades do Luxemburgo, por outro", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre se o Luxemburgo pode ser um exemplo para Portugal devido ao seu desempenho económico, que se traduz na mais baixa dívida pública e em excedente orçamental, o Presidente referiu que Portugal tem aprendido com as relações recíprocas e destacou a "colaboração científica, tecnológica, económica e financeira crescentes e o apelo para mais investimento luxemburguês".

No primeiro dia da visita de Estado ao Luxemburgo, o Presidente foi recebido com honras de Estado pelos grão-duques Henrique e Maria Teresa, mas acabou por furar o protocolo para se dirigir às barreiras de segurança e cumprimentar alguns portugueses.

Foi o caso de Emília Moreira, de 61 anos e há 35 no Luxemburgo, que se mostrou satisfeita por ter conseguido "dar um beijinho" a Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda teve tempo para umas 'selfies'.

Esta portuguesa, agora reformada e oriunda de Braga, disse à Lusa que de vez em quando pensa voltar para Portugal, mas logo desiste porque tem os filhos e os netos no Luxemburgo.

Após um encontro com o Grão-duque, Marcelo Rebelo de Sousa foi depositar uma coroa de flores no Monumento Nacional da Solidariedade Luxemburguesa e fez um passeio a pé na Corniche, no centro da cidade do Luxemburgo, parando também para cumprimentar portugueses que o abordavam pelo caminho.

O Presidente termina na quarta-feira a visita de Estado e continua a deslocação ao Luxemburgo na quinta-feira, a título privado, para participar na 50.ª peregrinação à Nossa Senhora de Fátima, em Wiltz, a cerca de 65 quilómetros da capital luxemburguesa, e para contactos com a comunidade portuguesa.

in Jornal de Notícias