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O número de lusodescenden-tes candidatos ao ensino superior em Portugal aumentou 150 por cento em quatro anos, tendo este ano sido o mais concorrido da última década, segundo dados oficiais.

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De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, 483 emigrantes e lusodescendentes candidataram-se este ano a instituições de ensino superior portuguesas, na primeira fase do concurso, tendo ficado colocados 416, o que representa 86 por cento.

Os estudantes provêm de França, Brasil, Angola, Venezuela, Luxemburgo, Suíça, Macau, Moçambique e Estados Unidos.

O ensino superior em Portugal tem um contingente reservado a filhos de emigrantes de 7% do total das vagas nacionais, o que corresponde a cerca de 3.500 vagas. O número de candidatos tem vindo a crescer desde 2013, ano em que se registou o menor número de sempre com apenas 99 candidaturas.

Em 1999 candidataram-se às instituições de ensino superior portuguesas 455 lusodescendentes, número que reduziu gradualmente iniciando apenas a retoma em 2014, ano em que houve 117 candidatos.

Este ano, para incentivar mais lusodescendentes a candidatarem-se ao ensino superior em Portugal, o Governo realizou sessões de informação com pais e educadores no Brasil, em vários países da Europa, na América do Norte e em África.

Em declarações à agência Lusa, o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensi-no Superior, Sobrinho Teixeira, destacou a importância de os portugueses emigrados apostarem na qualificação dos seus filhos considerando relevante o aumento do nú-mero de emigrantes a estudar em Portugal.

“Hoje a qualificação é algo determinante para uma relação de competência no mercado de trabalho, mas também para termos uma noção do exercício da cidadania e uma resistência na defesa dos valores civilizacionais”, disse.

Do total de candidatos, 57 optaram por formações superiores na área da Gestão e Administração, seguindo-se o Direito com 31, as Línguas e Literaturas Estrangeiras com 27, a Eletrónica e Automação com 23 colocados, a Economia (22), a Medicina (22), a Biologia e Bioquímica (20), Ciência Política e Cidadania (17), Terapia e Reabilitação (15), Tecnologia dos Processos Químicos (14), Psicologia (11), Contabilidade e Fiscali-dade (11), Metalurgia e Metalomecânica (10), Jornalismo e Reportagem (10).

A Universidade de Lisboa receberá 85 destes alunos em cursos de Economia, Electrónica e Automação, Direito, Medicina e Biologia e Bioquímica, enquanto a Universidade do Porto receberá 77 alunos para cursos de Línguas e Literaturas Estrangeiras, Electrónica e Automação, Medicina e Biologia e Bioquímica.

Um total de 57 lusodescendentes escolheram ainda cursos na Universidade Nova de Lisboa, 27 optaram pela Universidade do Minho e 26 de Coimbra, 18 escolheram a Universidade de Aveiro, 10 a Universidade da Madeira, 24 o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, 28 o Instituto Politécnico do Porto e 14 no Instituto Politécnico de Lisboa.

Em termos globais, o número de candidatos à primeira fase de acesso ao ensino superior aumentou 3,4% este ano, em relação a 2018.

A primeira fase do Concurso Nacional de Acesso (CNA) ao ensino superior público no ano lectivo de 2019-2020, que decorreu até 6 de Agosto, registou 51.291 inscrições, o que representa um aumento de 1.666 candidatos face a 2018 (49.625 alunos) verificando-se também um aumento do número de estudantes estrangeiros na ordem dos 48 por cento nos últimos quatro anos.

Actualmente existem cerca de 50 mil alunos estrangeiros no ensino superior, que representam agora 13% do total de estudantes.

Portugal “está de braços abertos” para acolher lusodescendentes no ensino superior – secretário de Estado

O secretário Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior apelou à comunidade emigrante portuguesa para que não deixe de apostar na qualificação superior dos seus filhos, garantindo que Portugal “está de braços abertos para os acolher”.

“Ser português é ser qualificado e culto em Portugal ou em qualquer país do mundo”, disse o secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Sobrinho Teixeira.

Na campanha “Estudar e Investigar em Portugal” desenvolvida em 42 cidades, explicou o governante, foi feito um alerta para que os portugueses apostem na qualificação dos seus filhos, recordando que nem todos os sistemas de ensino superior na Europa e no mundo estão determinados a que todos os estudantes tenham uma oportunidade para prosseguir estudos.

Na verdade, adiantou Sobrinho Teixeira, há países onde a continuidade do acesso a estudos superiores é um pouco vedado ao contexto de nacionalidade, pelo que apela aos portugueses que não desistam de qualificar os seus filhos.

“Não caiam na armadilha de não os qualificar” disse, des-tacando que este desejo deve prevalecer ainda que exista abertura do mercado de trabalho dos respetivos países para receber os lusodescendentes.

“O país está de braços abertos para qualificar todos, nomeadamente os filhos dos nossos emigrantes”, frisou.

A língua portuguesa, explicou, é nos dias de hoje uma mais-valia no contexto mundial, registando um procura por parte de estudantes estrangeiros, que ganham a capacidade de falar com 300 milhões de pessoas no mundo.

Para os filhos e netos de emigrantes portugueses esta mais-valia deve ser encarada como uma ferramenta importante no mercado de trabalho.

“O facto de os filhos e netos de emigrantes continuarem a ser proficientes em português não representa apenas uma relação de saudade ou de capacidade de comunicação com os familiares”, disse.

Esta é também uma oportunidade para aperfeiçoarem o português, até porque as instituições de ensino superior têm atualmente esses mecanismos de aprendizagem da língua porque cada vez recebem mais estudantes estrangeiros, salientou.

In «O Século de Joanesburgo»