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"Código da Consciência" foi lançado há cerca de um mês e está a suscitar o interesse de várias empreas e governos.

Amazonia

Chama-se Hugo Veiga, nasceu no Porto há 39 anos mas vive no Brasil há 15 anos e perante a crescente desflorestação da Amazónia não conseguiu ficar indiferente.

Diretor criativo da AKQA Brasil, uma agência multinacional especializada na criação de serviços e produtos digitais, Veiga decidiu lançar o projeto "Código de Consciência".

"É muito simples. Pegando na base de dados das Nações Unidas que indica quais são as áreas protegidas em todo o mundo, criamos um código que traduz o seguinte: se a máquina entrar nesta geolocalização, manda um sinal para desligar", descreve Hugo Veiga.

"O código é para ser inserido em novas máquinas que estão a sair da fábrica, por isso estamos a falar com algumas das principais marcas do setor, para introduzirem esse software", acrescenta.

E as máquinas que já estão no terreno e são mais antigas? "Criámos um chip que desliga a máquina de forma mecânica", explica.

O projeto foi lançado há pouco mais de um mês, na semana do dia da Amazónia (5 de setembro). Apesar de recente, tem tido muita procura. "Temos um movimento de empresas privadas, de governos a nível mundial. Tem sido muito louco e é um projeto que vai durar anos", refere.

"As empresas que têm algum tipo de relação económica perto de áreas protegidas querem ter a certeza que toda a sua cadeia de produção está legal e que a sua atividade económica não está a ir contra o ambiente", revela ainda.
Dentro do próprio Brasil, já há entidades oficiais a procurar aderir à ideia. "O Ministério Público federal de um estado já entrou em contacto connosco, interessados no projeto. Eles estão à procura de uma forma de fiscalizar e isto é uma ferramenta de fiscalização que dá para adaptar do jeito que os governos ou as empresas acharem melhor", esclarece.

Hugo Veiga acredita que as empresas estão a ter uma atitude diferente da dos governos. "Existe uma movimentação empresarial, no momento em que vários governos estão a falhar com a humanidade e com o futuro da humanidade, as empresas estão a assumir esse poder que têm para fazer algo bom".

O "Código da Consciência" é um projeto diferente daqueles em que habitualmente Hugo Veiga trabalha. A prova disso é que a Renascença encontrou este português, já com sotaque do Brasil, no Upload Lisboa, um evento de marketing digital que se realizou na Escola Superior de Comunicação, em Lisboa.

Esta é a sexta edição da conferência que se realizou pela primeira vez há 10 anos. "Não quisemos deixar passar em branco os 10 anos de Upload Lisboa", diz Rute Ferreira, um dos elementos da organização.

Na edição deste anos marcaram presença cerca de 500 pessoas, sobretudo profissionais da área "que querem atualizar-se e fazer melhor todos os dias".

Hugo Veiga foi um dos oradores da conferência, tendo contado na sua apresentação vários episódios marcantes da sua carreira.

A quem está a começar Veiga recomenda sobretudo resiliência e para quem acha que tudo está inventado, responde com determinação.

"Estamos a assistir a empresas que estão a morrer porque há jovens loucos a criar coisas diferentes, a criar uma disrupção de negócios gigante", dando como exemplo o Airbnb ou a Netflix.

"Estão a chegar novas ferramentas, estão a chegar novos jeitos de interagir com pessoas e as marcas têm de estar atentas e fazer parte dessa conversa", remata.

In «Renascença»