Imprimir

Para muitos e sobretudo os das gerações dos anos 50/60 e anteriores, os madeirenses ditos “emigrantes” são, lamentavelmente ainda, vistos como pessoas incultas e agarrados ao passado. Pura Ilusão!

 

JoséAntónioGonçalves

 

Os tempos, como é óbvio, mudaram e desses nossos briosos conterrâneos que, com sangue, suor e lágrimas de esforço e saudade se fizeram respeitar nos diferentes países de acolhimento surgiram os seus descendentes. Jovens esses possuidores de níveis de estudos e experiência profissional elevados. Não é estranho, por isso, que muitos deles tenham hoje posições de relevo, nas diferentes áreas de atividade, quer nos países onde nasceram como pelo mundo fora e até na Região Autónoma da Madeira. Hoje, temos grandes figuras de origem madeirense nos meios culturais, científicos, empresariais e também com ligações ao poder político, um pouco por todo o mundo. Curioso referir que, alguns deles, tiveram o privilégio de participar, a convite do Governo Regional nas Festas do Desporto Escolar da Região Autónoma da Madeira e no programa “Descubra as suas raízes”. A este propósito, porque não proceder a um levantamento de todos os participantes, vindos das comunidades madeirenses, para estes dois eventos, de maneira a proporcionar um novo contacto com a nossa Região? Tenho a certeza que a resposta seria surpreendente e, de certo modo, justificaria praticamente o investimento então feito. Nos tempos mais recentes assistimos a uma nova corrente de emigração ou seja a chamada “exportação de inteligência” e desta feita de Portugal, em geral e da Madeira, em particular, para países da União Europeia. Hoje já é possível constatar que afinal e isto independentemente das razões que nortearam essas saídas, não se tratou, como muitos apregoaram, de uma catástrofe mas sim de uma oportunidade que foi dada a todos esses jovens de terem outra experiência de vida e por conseguinte novos contactos e mudança de ares que lhes permitem, estar hoje, muito melhor preparados para fazerem face às exigências do mundo global em que nos encontramos. O mesmo acabará por acontecer com a maioria destes jovens, luso-descendentes, que está a chegar a vários países da União Europeia, vindos da Venezuela e pelas razões de todos conhecidas. Por agora são momentos de grande ansiedade e mesmo desespero, mas amanhã e graças ao que de positivo trazem na “bagagem” o sucesso vai-lhes bater à porta. Foi assim com os seus avós, que em sentido inverso, abandonaram tudo e todos em busca dum mundo melhor para eles e... para os seus entes queridos idosos que, embora permanecendo por estas paragens, sempre contaram com o apoio desses ilustres “aventureiros”. Falando da chegada desses jovens à Europa, penso que o MNE deveria encontrar uma forma de proceder a uma formação específica de maneira a que, em todas as Embaixadas de Portugal nos países da União Europeia, houvesse pelo menos um funcionário preparado para lhes dar apoio e assim fazer com que a chama de portuguesismo, que ainda permanece neles, não se apague a bem de Portugal e das suas Regiões Autónomas. Mais no âmbito Regional e aproveitando a presença de 1.270.000 de madeirenses e ou de origem madeirense no Mundo e o facto do Governo Regional manter a aposta no estreitamento de laços com todos os da Diáspora, em geral, e seus descendentes muito em particular, consideramos que seria do máximo interesse conceber uma “ferramenta” que possibilite a troca de ideias, experiências e oportunidades entres todos aqueles jovens que têm sangue madeirense a lhes correr nas veias. Falamos, não só dos da Diáspora, como daqueles que residem na Madeira e Porto Santo, sem esquecer os que se encontram a viver no Continente e Região Autónoma dos Açores. Tendo em conta a Universidade de reconhecido mérito, que temos na Madeira e os empresários locais, com provas dadas a nível internacional - e de que maneira! -, na área das novas tecnologias, acreditamos que o viabilizar este pequeno “milagre” digital não deve ser tarefa muito difícil. Ganhamos todos!!! Em poucas palavras, o sentir a nossa terra, é contribuir para que a nossa Região Autónoma saia cada vez mais engrandecida. E isto, tem de ser não só um lema mas sobretudo a vontade férrea de todo um povo e seus descendentes, estejam onde estiverem.

In «Jornal da Madeira»