Macelo Rebelo de Sousa decidiu cancelar as comemorações do 10 de Junho deste ano, que iriam se realizar na Madeira e na África do Sul, devido à pandemia da covid-19.

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O Presidente da República comunicou esta decisão por carta ao presidente da Assembleia da República, ao primeiro-ministro e às autoridades da Madeira.

“Considerando as circunstâncias atuais de pandemia covid-19, cujos efeitos se vão ainda estender por largas semanas, vejo-me constrangido a decidir a anulação das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas que estavam previstas no mês de junho para o Funchal e junto das comunidades portuguesas na África do Sul”, lê-se na carta.

“Lamento naturalmente tal decisão, mas a situação atual a isso exige”, acrescenta o chefe de Estado, no mesmo documento.

A comemoração “implicaria a movimentação de centenas de militares e centenas de civis do continente para a Madeira e a presença de milhares de nossos compatriotas madeirenses”, referiu, salientando, por outro lado, que a África do Sul “está neste momento a viver um regime muito restritivo” devido à pandemia e que as comemorações nesse país implicariam também “um conjunto de deslocações” e “grandes aglomerações”.

O chefe de Estado frisou, no entanto, que “haverá a celebração do 10 de Junho” neste ano, porque “Portugal continua”. “Haverá a celebração do 10 de Junho em Lisboa, mas com os cuidados impostos pelas circunstâncias. Espero que possa haver o 10 de Junho na Madeira e na África do Sul no ano que vem”, acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa.

25 de Abril

A manifestação do 25 de Abril em Lisboa também foi cancelada devido à pandemia e a Associação 25 de Abril pediu às pessoas que, mesmo em casa, vão à janela cantar a ‘Grândola’.

O presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, um dos promotores do desfile anual, afirmou em declarações à agência Lusa que a manifestação foi cancelada, mas propõe uma alternativa.

Vasco Lourenço pediu que, às 15h00 do dia 25 de abril, hora a que começaria o desfile em Lisboa e noutras cidades, rádios e televisões “passem” a canção que foi uma das senhas do Movimento das Forças Armadas (MFA) em abril de 1974, e às pessoas, que estão em casa devido à pandemia, que “venham às janelas, às varandas cantar a ‘Grândola Vila Morena'”.

A ideia, adiantou, é não parar atividades que “não podem ser suspensas, nomeadamente os cuidados de saúde” nesta fase de pandemia. “As outras pessoas que mostrem que queremos um país livre, democrático, solidário, como é necessário nesta altura”, afirmou Vasco Lourenço.

As comemorações populares do 25 de Abril são organizadas anualmente por uma comissão promotora, em que se inclui a Associação 25 de Abril.

Em 25 de abril de 1974, um movimento de capitães derrubou a ditadura de 48 anos, de Marcelo Caetano, chefe do Governo, e Américo Tomás, Presidente da República, um golpe que se transformou numa revolução, a “revolução dos cravos”.

Coronavírus em Portugal

Portugal registava ontem, quinta-feira, 60 mortes associadas à covid-19, mais 17 do que na quarta-feira, e 3.544 casos de infeção, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde.

O relatório da situação epidemiológica em Portugal indica que a região Norte é a que regista o maior número de mortes (28), seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo (18), da região Centro (13) e do Algarve (1). Relativamente a quarta-feira em que se registaram 43 mortes, observou-se um aumento de 39,5%.

De acordo com os mesmos dados, há 3.544 confirmados, mais 549 (um aumento de 18,3%) relativamente a quarta-feira. Desde o dia 1 de janeiro, existem 22.257 casos suspeitos, dos quais 2.145 aguardam resultado laboratorial.

Há 16.568 casos que não se confirmaram e 43 doentes que já recuperaram. Em vigilância pelas autoridades de saúde estão 14.994 casos.

A barreira dos 3.500 casos foi ultrapassada no dia em que entrou em vigor a fase de mitigação da pandemia da covid-19, por determinação da Direção-Geral da Saúde (DGS), envolvendo todo o sistema de saúde, público e privado.

A fase de mitigação é a terceira e a mais grave fase de resposta à doença covid-19 e é ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária.

No Mundo

Quase 22 mil pessoas já morreram em todo o mundo infetadas por covid-19, de acordo com um balanço feito pela Agência France Presse (AFP) a partir de dados oficiais divulgados nesta quinta-feira.

De acordo com este balanço, o novo coronavírus matou 21.867 pessoas e foram considerados curados pelo menos 106.200 em todo o mundo desde que surgiu em dezembro.

Foram registados 481.230 casos de infeção em mais de 182 países e territórios desde o início da epidemia.

Itália, que registou a primeira morte ligada ao coronavírus no final de fevereiro, é o país mais afetado em número de mortes, com 7.503 mortes em 74.386 casos. 9.362 pessoas foram consideradas curadas pelas autoridades italianas.

Depois de Itália, os países mais afetados são Espanha, com 4.089 mortes para 56.188 casos, China continental com 3.281 mortes (81.218 casos), Irão com 2.234 mortes (29.406 casos) e França com 1.331 mortes (25.233 casos).

A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia começou no final de dezembro, contabilizou 81.218 casos (47 novos entre quarta e hoje), incluindo 3.281 mortes (4 novas) e 73.159 recuperações.

Desde as 19:00 de quarta-feira, a Cisjordânia e a Croácia anunciaram as primeiras mortes ligadas ao vírus.

A Europa totalizou até agora, 14.640 mortes para 258.068 casos, a Ásia 3.636 mortes (100.937 casos), Médio Oriente 2.281 mortes (35.324 casos), Estados Unidos e Canadá 1.082 mortes (72.606 casos), América Latina e Caraíbas 141 mortes (8.439 casos), África 73 mortes (2.748 casos) e Oceania 14 mortes (3.111 casos).

In «Revista Port»